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(by Betinho Pqd)
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Ó, Mar, eu venho outra vez
aliviar-me do agosto;
perdoa, se com meus ais,
o teu barulho interrompo;
Tu
sabe, já, Mar amigo
que amo, quero, estimo, adoro...
Mas de que serve querer,
se não vivo, Mar, nem morro?
Se venho a ti desabar,
não é culpa, é
desafogo;
não é raiva, é desespero;
e um prometimento tosco:
àqueles
olhos irosos
indiferentes ao choro,
indiferentes a tudo...
mas que tudo
são tais olhos.
Disse-lhes eu na alegria
que lhes renderia louros...
Mas o
que era antes alegre,
sai agora lamentoso.
Se não viver é castigo,
não
morrer é doloroso;
Quem me mata me quer vivo,
neste mundo onde sufoco.
Quem
mata com aço ou chumbo,
tem um dolo mais piedoso,
mas quem usa a
indiferença
no matar tem maior gosto.
Não quero aqui, Mar, amigo,
atrapalhar
teu arroubo.
Não quero que te aborreça
meu lamento indecoroso.
Tu já
sabe, Mar, que sinto
isso que falar não posso;
mas se for por bem que
entenda,
castiga meu desaforo:
Manda a vaga mais irosa,
manda um vagalhão
danoso.
Tua fúria assim me mate,
e me leve embora o corpo.
Promessa agora
cumprida,
já me vou, Mar, me recolho
para meu mundo maldito.
Nunca mais
que te incomodo.
Acredite, Mar, não minto,
Não engano, nem embromo.
Se te
digo nunca mais,
não serei eu mentiroso.
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