sábado, agosto 23, 2014

Num Lago na Suécia

Num Lago na Suécia
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Doce noite, mas gélida, me toma...
No sussurro que o corpo me estremece...
Os pés e a bunda, inertes, na cadeira,
Não são mais do que o mel que me apetece...
E quero bem ficar a noite toda
Insone, e quente, exposto à intempérie.
Por ti, me exponho e tremo a noite inteira...
Que o teu falar tão meigo é o que me aquece.
Não movo, não descarto, não postergo,
Não quero declinar o que me impele.
E tenho por motivo acordar cedo
Pra ver de perto o mel da tua pele.
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Se falho no falar que mal contenho,
Não falho no sentir o que precede
Aquilo que destrói um reino inteiro,
E faz cair de quatro um seu valete.
A luz inunda o mundo duas vezes...
Que minha pobre mente nem concebe.
E corro, derretido, sobre o gelo
Pra ver de perto o mel da tua pele.
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 Ciclo do Gelo
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 Sobre ler. Escrever. Chamar. Sobressaltar. Não crer. Não sofrer. Ganhar. Viver.
Sobre ler. Sobressalto. Vôo alto. Escrever. Chamar. Chamar. Chamar. Não crer. Sofrer. Angustiar. Tremer. Perder. Não ganhar. Sofrer.
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Onda Gigante do Pacífico Azul
 .
Aloha!
  Chega e vai.
 Oluolu!
 Vive e canta.
 Mahalo!
 Canta da terra ao céu.
 Encanta, vive e espanta.
 Há’aha’a! Akahai! Lokahi!
 Luta e vibra. O céu é uma onda.
 Ahouni.
 Vai que vai, trovão do Pacífico.
 Vai que vai. Aloha!
 Se as cinzas voltam às doces vagas,
 O espírito se une ao todo - mar, onda e tempestade.
 Não digam que foi Mauna...
 Não digam que foi Mauna Kea...
 Digam que foi gigante, que foi suave...
 Como as ondas azuis.
 Halau - Obrigado pela aula!
 Aloha!
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Revoluções na Maçã
 .
Sol azul, Sol que brilha,
Raia na manhã e na estrada
Da ilha.
Parada, precedente, precedida,
Rajada
De vida.
De vento, de consolo e de alento;
Perdida.
Eu quero, eu espero e silencio.
Debruço nessa chapa ao barlavento.
 .
Desvio!
E vejo então meu mar tornado em rio;
E vejo o sol parado evanescendo
De frio.
E morto segue o dia no tormento;
A vida segue em gelo soterrada,
E segue o sotavento
Que escapa.
Tormento.
De nada.
Mar frio.
Que a noite abandonada engula o dia;
Que o gelo do abandono quebre o vento,
E engula
A ilha.
O mar.
E o rio. 
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De Partida
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Quando o dia amanhecer,
Quero encontrar o Sol no Leste.
Quando a luz do dia inundar aqui,
Quero seguir para o Leste.
Quando o Vento soprar, de quando em quando,
Estarei indo para o Leste...
Para encontrar o Sol.
Para sentir o vento.
Para respirar o ar salgado.
Para confraternizar com o Mar sagrado.
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Quando o dia aqui amanhecer,
Eu estarei de partida, rumo ao Leste...
Rumo ao Sol.
Rumo ao Vento.
Para o Mar.
Para o Tempo.
Para o Leste...
 .
Assim que amanhecer,
Assim que o Sol inundar aqui. 
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A Onda Perfeita
 .
 Era uma vez...
Era?
Já não mais...
A Onda passou.
Essa...
Passou.
Sem mim. 
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Não Não, Não É
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Não vejo
Não ouço
Não tenho
Não toco
Não sei
Não ouso
Não nada
Não posso.
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Se quero
Não peço
Se nego
Não quero
Se peço
Não tenho
Se tenho
Não acordei.
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E assim vai
Sem nada com não.

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Sem Mais Verde que Azul
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Só quem te ama é o Mar!
Não, não é o ser amado.
Nem as promessas vazias
De um fado.
Só quem te quer é o Mar!
Não, não são também as Fadas.
Que as Fadas nada sabem a teu respeito.
Não sabem.
Nem querem.
Nem amam.
Só quem te beija é o Mar!
Só ele te leva para além,
Além do trauma,
Além da rebentação.
Só ele joga teu corpo
De encontro aos arrecifes...
E te faz dançar.
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Só quem te deseja é o Mar!
Só ele seqüestra teu corpo e o devolve
Sem vida nas areias brancas...
Só ele consome tua carne sem te magoar.
Só quem te louva é o Mar!
Ninguém mais.
Nenhum ente divino ou terreno,
Nem os elementos.
Nenhum deus te reverencia mais.
Só quem te fere é a terra.
Só quem te mancha é o fogo.
Só quem te deixa é o vento.
Porque a terra, o fogo e o vento te exigem.
Eles te cobram um preço alto.
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Só quem te entende é o mar!
Ele não te trai com esperanças.
Ele nunca te dá esperanças.
Ele apenas te leva.
Para além da rebentação.
Só quem faz isso é ele:
O Mar!
Finito no Infinito, Contido no Incontido.
Verde no Azul.
Impregnado de dor e salitre.
Pleno de tudo e de nada.
Só quem te limpa é o Mar.
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Quando não há mais verde,
Quando não há mais colorido,
Quando tudo for cinza e bege...
Só quem te ama é o Mar!
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A Pulsação
 .
Vida normal, banal...
Banal, banal, banal, banal, [lento]
 .
Não vida, ida...
Ida, ida, ida, ida... [piano]
 .
Vida ativa, esportiva...
Ativa, ativa, ativa, ativa... [forte]
 .
Vida dormindo, indo...
Indo, indo, indo, indo... [pianíssimo]
 .
Vida te ouvindo, lindo...
Lindo, lindo, lindo, lindo... [presto]
 .
Vida te lendo, ardendo...
Crendo, crendo, crendo, crendo... [presto]
 .
Vida contigo, perigo...
Vivo, vivo, vivo, vivo... [presto]
 .
Tu fala comigo,
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac insano... [arfante]
 .
Tu não fala, some...
Dor-men-te, dor-men-te, dor-men-te... [pianíssimo]
Assim, dormente...
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Quando Ele Viu Seu Pai Doente Vomitar
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O ser humano na vida
Na terra busca o conforto;
O engenho que bem emprega
Recai na cata do ouro.
Dedica tempo e saúde
Na busca e guarda ao tesouro;
Ou explora o que tem menos,
Ou trabalha como um mouro.
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Um doente que vomita
A nós causa asco e nojo;
À ferida purulenta
De longe damos consolo.
Se temos nojo das fezes
Evitamo-las com dolo;
Mas tudo o que um morto expele
Compõe o pus que nós somos.

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Não Deixe a Onda Passar...
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Vaga suave... vagarosa.
Vaga gigante... poderosa.
Vaga entre vagas... pomposa.
Vaga sem vaga, não sei,
Pesarosa...
 .
Onda que passa... pegada,
É onda viva, criada.
Onda perdida, passada,
É onda sem vaga, não sei,
Não nada!
 .
A vida é um mar... volvida.
O mar é a vida... presente.
A onda que passa, perdida,
É vaga que vaga... ausente...
Sem vida!.
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Verão que Morro de Frio
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Angina, como que posso
Tão sem ar, vi-ver-te ao lado?
Como posso, anjo meu,
Respirar tão sufocado?
As manhãs que não te sigo,
E as noites em que isto é raro,
Fazem de mim penitente,
Mendicante, monge e bardo.
Aceito mui sorridente
Trocar o tipo de fardo:
Esse cuspe que mereço
Pelo peido que não valho.
Angina, fala comigo,
Vem cá, me diz algum algo,
Ou me mate de uma vez
Em tanto gelo afogado.
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O Céu que Rouba o Lago, Insano, Aceite!
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Tu chega pensarosa introspecta
E mede
O pulso pelo olhar da sua presa
Que pede
A vida como vida não sem vida
Caçada
Ma rede.
Presa pela presa da predante predadora
Com sede
De sangue, de suor e do que mais
Procede;
Prisão que pega e prende tudo em tudo,
No nada,
Que impede
O ser de ser prezado e preso quando
Concede
A ela o dom de ser do coração
A sede.
Sem isso vou a nado para o nada,
Total,
Parede!
Parede, paredão, muro farpado
Que fede;
Que mata,
Que suja,
Que me invade;
Que rouba toda a glória da visão;
Que seca e cerca a água azul do lago...
Aceite!
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Afogamento, Salitre e Marejar

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Balança e embala
Na noite ó maré;
Avança e recua
E eu cá na polé...
.
Avança e balança
Com força e com fé;
Recua no embalo
Capão de Inaé...
.
Se penso, se durmo,
Se acordo, sem fé,
Não tenho, não posso,
Meu mar de chá-ré!
Não posso, não vejo,
Sem ar, sem mais é...
Só choro, só penso,
Acá na polé...
.
Balança e avança
Co’a doce maré;
Embala e recua
Capão de Inaé...
.
Embala, embala,
Recua e me leva
Salitre e maré!
 
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Mar sem Ondas
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Que mar sem ondas...
que água parada...
Não há gaivotas,
Nem quase nada.
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To indo embora,
Me vou às favas...
Dormir sem bóia,
Nem mesmo vagas...

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A Hero from Sea
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If the waves are big, and angry,
Be brave!
And remenber:
Eddie would go.
If your life is very hard,
And the hope leaves you...
And this pain is so hard,
And you need to go...
Think it:
Eddie would go.
.
If the sun does not show its face,
And the events leave you scared...
Without courage...
Dont be ashamed:
Be brave, and remember:
Eddie would go!
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Ela Nativa
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Nativa do mar balança
Minha rede nos teus olhos;
Brilhando na prata verde
Do azul que salitra os corpos;
Querendo lá 'star não hei de...
Querendo cá ter, não posso;
Com dois remos não alcanço,
O que um remo só faz gosto;
Morrendo por ver as ondas
Mas não chego, antes me afogo...
Tal sentido sem sentido
Aqui dentro deste fogo.
Não digo mais por que seja
Se não mesmo de mim próprio.

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Life waiting, waiting, waiting...
Now painting.

(Me)
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