quarta-feira, dezembro 24, 2014

À Noite a Criança Vem ao Nosso Quarto Dormir e se Aconchegar Entre Nós



Cá na cama, no bom deste aconchego,
Te abraço forte, e juntos ressonamos.
Fico te olhando, e penso: nos amamos.
E nem mais durmo, dando-te chamego.
 .
De repente, na porta, o nosso apego;
De repente, a visita que esperamos...
A criança mais linda, que adoramos!
Nossa prole, a romper nosso sossego.
 .
Ó rainha, não negues tal clamor
A este ser tão pequeno, seja boa!
Conosco não terá medo ou pavor...
 .
Lembra quando disseste, – e isso ressoa –
Somos um!? Pois agora, olha, amor: 
Somos nós dois, em uma só pessoa.

 .

domingo, dezembro 07, 2014

Mar de Tormentas



.
 (by Betinho Pqd)
 .
 .
Ó, Mar, eu venho outra vez
aliviar-me do agosto;
perdoa, se com meus ais,
o teu barulho interrompo;
Tu sabe, já, Mar amigo
que amo, quero, estimo, adoro...
Mas de que serve querer,
se não vivo, Mar, nem morro?
Se venho a ti desabar,
não é culpa, é desafogo;
não é raiva, é desespero;
e um prometimento tosco:
àqueles olhos irosos
indiferentes ao choro,
indiferentes a tudo...
mas que tudo são tais olhos.
Disse-lhes eu na alegria
que lhes renderia louros...
Mas o que era antes alegre,
sai agora lamentoso.
Se não viver é castigo,
não morrer é doloroso;
Quem me mata me quer vivo,
neste mundo onde sufoco.
Quem mata com aço ou chumbo,
tem um dolo mais piedoso,
mas quem usa a indiferença
no matar tem maior gosto.
Não quero aqui, Mar, amigo,
atrapalhar teu arroubo.
Não quero que te aborreça
meu lamento indecoroso.
Tu já sabe, Mar, que sinto
isso que falar não posso;
mas se for por bem que entenda,
castiga meu desaforo:
Manda a vaga mais irosa,
manda um vagalhão danoso.
Tua fúria assim me mate,
e me leve embora o corpo.
Promessa agora cumprida,
já me vou, Mar, me recolho
para meu mundo maldito.
Nunca mais que te incomodo.
Acredite, Mar, não minto,
Não engano, nem embromo.
Se te digo nunca mais,
não serei eu mentiroso.